Friday, February 13, 2009

A teoria da evolução

Hoje é sexta-feira 13, o que me preocupa bastante, não por ser supersticioso mas porque me esqueci de jogar no Euromilhões. Também me deixa intranquilo o facto de amanhã se comemorar o dia de São Valentim, efeméride da cidade de Gondomar que o Governo de José Sócrates teima em não aceitar como feriado local.
Falando de assuntos que me deixam mais descontraído, vou lembrar temas do passado, nomeadamente o aniversário de Charles Darwin, que, se fosse vivo, teria comemorado ontem 200 anos de vida. Não me parecia mal que tal tivesse acontecido, desde que não o obrigassem a soprar as 200 velas. Se soprasse três, cada uma correspondente a um dígito, já era um feito assinalável.
E se houve festa rija com os 100 anos de Manoel de Oliveira, imaginem com os 200 de Darwin.
Há, no entanto, uma questão que me intriga. Se o senhor desenvolveu a teoria da evolução das espécies através da selecção natural, por que é que não arranjou maneira de continuar, ele próprio, vivo? É quase como o professor Carlos Queiroz descobrir, finalmente, o caminho para colocar a Selecção Nacional no Mundial da África do Sul e deixar os louros desse trilho para outro treinador. Isso é que era uma evolução para os portugueses louvarem.
Sou um confesso admirador da capacidade de observação de Darwin, que, no Journal, diário da sua viagem a bordo do HMS Beagle, navio da Real Marinha Britânica, conta que, perto do Rio de Janeiro, ficou “numa casa onde um jovem mulato era insultado, espancado e perseguido todos os dias e todas as horas”. Charlie, meu anjo, com todo o respeito que me mereces, se passasses pelo Brasil agora, a experiência seria muito mais traumática. Também lamento informar-te que a evolução das espécies se processou de uma forma curiosa: em Portugal, criou-se a Inspecção Geral do Trabalho, mas aquela história dos insultos, dos espancamentos e das perseguições continua.
Em Darwin, assinalo ainda a sua capacidade para introduzir um provérbio português na sua vida. Valendo-se do mítico “quanto mais prima, mais se lhe arrima”, aproximou-se da menina Wedgwood, mantendo a tradição dos casamentos entre membros da mesma família. Isto é mais importante do que provar que as espécies animais e vegetais podem viajar pelo mundo, adaptando-se localmente, e que as fêmeas preferem certas características nos machos, as quais me recuso a revelar, por respeito às senhoras.
Já eu, que até ontem me considerava uma pessoa razoavelmente evoluída, deixei cair por terra essa ilusão, ao apresentar-me diante de um funcionário da EDP, que veio proceder à contagem da luz, com meia barba desfeita e a outra metade da cara ainda com espuma de barbear.
Se queriam que a teoria da evolução das espécies avançasse, podiam ter mandado vir a menina do gás. Fazia-se a contagem a 12, não havia azar a 13 e tinha arranjado um belo argumento para solicitar um feriado nacional para 14.

No comments: